
Ele disse as duas palavras e eu continuei nua, deitada de bruços, olhando pra parede, sem processar. Será que ele vai tentar comer meu cu?, foi a primeira hipótese que se passou pela minha cabeça. Mas logo a afastei. É óbvio que ninguém decide comer o cu dos outros assim, sem nem perguntar, sem nem dar umas massageadas, tentar enfiar um dedinho como se ninguém fosse notar ou mesmo dar umas boas lambidas. Ainda assim ele tinha feito a pergunta e ela dificilmente tinha outro significado:
“Tem lubrificante?”
Eu tinha. E o que me incomodava era a dificuldade de entender por que ele precisava de um lubrificante. Na real, a resposta tava na cara, mas eu tava em choque ou em negação. Pouco antes, ele me comia por trás. Eu, com as coxas coladas uma na outra, tentava potencializar a sensação dele entrando. Gostava da posição, mas ela tinha uma mística ou uma matemática, depende do ceticismo de cada um, né? Fato é que era preciso alcançar um ângulo exato do pau na buceta para que o prazer fosse absurdo e, naquele dia em particular, eu e Jefferson não tínhamos acertado o ponto. Enquanto ele entrava e saía, tentava não pensar nisso e não ficar aflita com o calor. Mas os pingos de suor que volta e meia escorriam do peito dele para as minhas costas não ajudavam. Ele deve ter lido meus pensamentos, porque tentou enfiar a mão por baixo de mim para me masturbar, mas, no movimento, o pau acabou escorregando pra fora. Nada demais. Dei uma arrebitada na bunda pra facilitar o encaixe e esperei. Ele tentou enfiar e o pau travou logo na entradinha.
Então, fez a pergunta.
Levantei da cama sem dizer uma palavra. Só quando estava com o K-Y na mão, caminhando em direção a ele como um refém de guerra, foi que respondi desnecessariamente: tenho. Lambuzou o pau com o produto sem dar nenhuma explicação. Fiquei de joelhos na cama, perto dele, esperando alguma palavra. Algum “vou usar isso pra ajudar, tá?” ou, melhor, um “você vai ver como vai ficar gostoso”. Qualquer coisa para me tirar daquele torpor, daquela sensação horrível e afastar de mim aquele constrangimento. Eu tinha secado. EU TINHA FICADO SECA COM O CARA GOSTOSÃO QUE EU TINHA PASSADO MESES TENTANDO PEGAR.
Jefferson me olhou animado e deslizou a mão suja de lubrificante do meu colo à minha barriga. Fez para me provocar e me ver reclamando (Você não para de reclamar, sabia?), mas a ação não provocou nenhum efeito. Estava mergulhada no meu drama pessoal: eu. tinha. secado.
“Ei, o que aconteceu?”
“Nada”, disse no automático.
“Hum… deixa disso. Vem cá”, disse envolvendo meu corpo desanimado num abraço. “Me conta o que tá pegando…”
“É isso, Jefferson”, indiquei o pau, ainda duro, dele.
“Meu pau?”
“Não”
“A camisinha?”
“Não”
“Então o que é?”
“O lubrificante…”
“O que que tem?”
O QUE QUE TEM? Francamente, eu tinha que explicar tudo pra ele.
“Nunca precisei usar isso, Jefferson”, confessei quase ofendida por ele não ter notado em três semanas de foda. “Se tinha uma coisa da qual me orgulhava, era de estar sempre molhada”, disse me jogando na cama, dramaticamente.
Jefferson caiu na gargalhada e eu puxei o lençol para cobrir minha cabeça. Era sério, lubrificar muito era a minha marca, fazia parte do que eu era. Deixar a cama dos caras encharcada era um constrangimento que tinha ajudado a formar meu caráter. Isso pra falar dos menores dos constrangimentos. Eu lubrificava demais e isso tinha moldado a forma como eu gostava de transar, definia minha personalidade. Eu era afobada e impaciente na maior parte das vezes, ficava entendiada com caras que curtiam demais preliminar. Às vezes eu me recriminava, achava que podia ser uma lombra muito errada que me fazia perder boas experiências, mas não via sentido numa coisa que tinha por objetivo me “preparar” quando eu não podia estar mais preparada. Adorava saber que ia transar, adorava a expectativa, saía do chuveiro excitada sem sequer me tocar e, enquanto escolhia a calcinha, já sabia que tava molhada.
Cê tá bem? Uma vez um cara me perguntou pouco antes de se enfiar dentro de mim. Tô, por quê? Perguntei sem entender nada. Você tá escorrendo, disse apontando para o meio das minhas coxas, onde se via um pequeno filete transparente escorrendo. A voz quase não saiu de tanta vergonha. Tô com muito tesão, confessei como se fosse um crime e saí de lá perguntando para todas as minhas amigas se era normal.
Lubrificar demais tinha mais um embaraço. Oito entre dez caras reclamavam na hora de me chupar. É muito difícil de respirar. Eu fazia cara de “ops!”, dava de ombros e perguntava se eles não queriam brincar de outra coisa. Vida que segue, sabe? E, por mais que às vezes fosse ruim, no fundo, era algo que me dava orgulho. Toda vez que eu ouvia alguém falar sobre como anticoncepcional secava, tinha que segurar minha cara de superioridade. Ohh girrrl, imagina se eu não usasse, heim? Não ficava dolorida ou assada na mesma frequência que algumas amigas e, lubrificante, bom, só praquelas outras incursões.
Ainda tinha tido um cara que tinha me feito amar isso. Depois, ficava puto por ter que trocar a roupa de cama numa frequência descomunal, mas, na hora, ele se divertia em me lambuzar com o meu próprio lubrificante.
“Aposto que dá pra comer teu cu assim”, ele dizia esfregando a mão da buceta até o cu. “Tão molhadinho”. elogiava, jogando beijos, como se estivesse interagindo com um bebê.
Eu sorria.
“Nêssa?”
“Oi”
“Você tá absurdamente molhada hoje”, ele disse se deitando ao meu lado, exausto.
“É?”
“Você lubrificou tanto que teve um momento em que eu fiquei pensando caralho, se eu tropeçar, é capaz de escorregar e entrar inteiro nela”.
Ele tava me tirando, mas não fiquei chateada. Gostei da imagem. Fiquei imaginando minhas pernas abertas e o rastro de lubrificante (me recuso a falar sumo, sabe?), como cachoeira, e ele inteiro se enfiando dentro de mim. Ele inteiro dentro de mim. Era meio violento imaginar isso, sei lá, mas na hora não imaginei como se ele se machucasse. Só imaginei cada parte dele em um contato profundo comigo e aquela cara que ele fazia quando entrava, aquela lambida tradicional nos lábios. Se eu pudesse, pegava ele como se fosse um vibrador e ficava enfiando e tirando até sentir as contrações no útero. Imagino a gozada desproporcional em sua cara e ele meio atordoado, meio em êxtase.
Mas isso tudo tinha ficado no passado. O que tinha mudado? Será que o anticoncepcional finalmente tinha se virado contra mim? Será que era o antidepressivo? Será que o Jefferson não me dava tanto tesão? Será que ninguém me dava mais tanto tesão? Deve ser só cansaço. A gente devia estar transando há muitas horas. Mas isso também não costumava ser um problema…
“Tô ficando velha, Jefferson”, compartilhei a minha conclusão.
“Vanessa, não encana”, disse depois de ter conseguido parar de rir. “É só um lubrificante. Todo mundo usa”.
“Eu não usava”
“Mas qual o problema em usar?”
“Não sei, Jefferson, é que ainda é estranho pra mim…”
Já pensou se eu sou dessa geração que não gosta mais de transar?
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