
Quem deu a ideia foi o Tuca. E o Mateus não precisava nem ter bebido um gole de cerveja pra botar lenha na fogueira. Quando o Camilo chegou com a Eloá, o papo já rolava na mesa. Eles achavam que Vanessa devia participar de uma suruba e eu tentava explicar que suruba não tinha muito a ver com ela. Como assim? Ela é cabeça aberta, com certeza toparia uma suruba. Olhei pro copo de cerveja, aflita, antes de tentar começar a explicar. Não, ela é cabeça aberta, mas ela tem um pouco de preguiça, sabe? Ela acha que seria um desgaste emocional.
Ela poderia pelo menos ter um caso lésbico, Brenda tinha chegado no meio da conversa e sugeriu com um sorriso que me deixava em dúvida se ela falava mesmo da minha personagem ou era uma indireta pra mim. Corei na mesa e decidi tomar mais um gole de cerveja. Tuca e Dave concordaram que faltava um pouco de sexo gay mesmo, que eu bem que podia criar uns amigos gays da Vanessa e escrever uns contos paralelos. Eu disse que tava tentando, por isso tava lendo o Ginsberg. por favor meu amo encosta a ponta do teu pau nas pregas do buraco do meu eu por favor meu amo enfia esse troço no meu cu bem fundo & por favor meu amo me faz rebolar para entrar a pica-tronco até o fim, recitei livremente sem pensar no quanto era pedante recitar poema gringo num boteco enquanto todo mundo só pensava no litrão mais barato.
O Marco aproveitou o gancho para reclamar que faltava mais anal, sabe, um anal pra valer, com mais chupada. Aquele anal do último conto ficou romântico demais, confessou.
Não sei quem beijou primeiro. Talvez tenha sido o Camilo, que beijou a Eloá casualmente. Mas daí o silêncio pareceu cair como uma chuva inesperada de verão sobre nós. E então o Mateus perguntou, nada discretamente, se era naquele dia que a gente ia foder. Ri e desviei o olhar. Acabei caindo na armadilha do olhar da Brenda. Fiquei ainda mais corada e só ouvi a Ariane dizer: vamos.
Alguém pousou a mão na minha perna, mas continuei tentando pesar prós e contras. Até que a Lívia chegou. Tava esperando um sinal dos céus e os céus tinham mandado logo uma escorpiana.
“Você nunca tinha feito isso?”, o Camilo perguntou, deitado ao meu lado.
Fiz que não com a cabeça.
“E o que você achou?”
Tentei pensar no que tinha sido mais surpreende, se tinham sido todas as dedadas e chupadas surpresa, se tinha sido a quantidade gente de pelada, seus corpos e cheiros, se tinham sido as imagens, sabe, os meninos se pegando, a bunda da Ariane, todas as línguas encontrando pele ou as lembranças de mãos afundando em peles de cores tão diferentes. Então pensei se, na verdade, o mais surpreendente não tinha sido chupar uma buceta pela primeira vez, ou se tinha sido a naturalidade daquelas coisas que não conseguia imaginar nem nos meus contos…
“Hum… Achei que ia ficar pensando tomara que minha mãe nunca descubra”, confessei.
Na bolsa, a tela do celular estava acesa, acusando o recebimento de um nova mensagem da Laura Pires.
“Não acredito que perdi esse encontro! Será que a gente consegue marcar de novo?”
Cheguei em 1000 seguidores! Pode não parecer muita coisa na multidão da internet, mas é um número muito especial para mim. Tomei a liberdade de citar alguns dos meus leitores, editores, revisores e amigos nesse conto como uma espécie de homenagem a algumas das pessoas que tornaram o meu ano especial! Vocês fizeram com que eu me descobrisse escritora e começasse a acreditar no que faço. Que venha mais putaria, que seja intensa, que entre gostosinha!