
“Cê não quer que eu tente te ajudar?”, perguntei depois que ele anunciou que não tava conseguindo, que não ia dar naquele dia.
Já sentado, colocou a mão no queixo e fitou o nada, desanimado. Respirou fundo e então me disse que eu não conseguiria ajudar. Posso tentar, pelo menos. Quem sabe você não precisa só de um empurrãozinho. Ele balançou a cabeça em negação.
“Quando não rola de primeira é difícil rolar depois. Se eu tentar de novo e não der certo, só vai aumentar essa sensação de derrota, saca?”
Ele continuou explicando que seria como se virasse uma bola de neve, ia achar que nunca mais conseguiria. Pousou a mão na minha perna e sorriu triste. Desculpa ter te trazido aqui à toa. Tentei sorrir com compreensão, mas a compreensão pode ter se assemelhado com condescendência e fez com que ele olhasse pro chão triste.
“Acho que cê tá levando isso muito a sério. Leva na brincadeira e deixa eu te ajudar, vai?”, tentei mais uma vez.
“Se você continuar insistindo só vai piorar” — começou — “Vou achar que cê tava muito a fim e que te desapontei. Psicológico é fogo”.
Fiquei um pouco impaciente com aquele papo, me perguntando se avisava que não era nada demais. Devia acontecer com muita gente, né? Sei lá, se um dia eu tivesse que levantar aquilo, também não sei se conseguiria. Mas também não tava a fim de perder mais tempo.
“Hum… será que não tem outra coisa que você possa fazer?” — ele parecia nem ter me ouvido, mas decidi continuar — “Sei lá, levantar essa barra com todo esse peso parece difícil mesmo, porque cê não faz mais umas flexões?