POR SEANE MELO

Não foi exatamente assim

Não foi exatamente assim Nunca pensei que fosse sentir tanto tesão por ele. Às vezes acho que sou obsessiva com isso de planejar as coisas, mas o fato é que ele simplesmente não estava nos meus planos. Porque eu o admirava demais. Ele não sabia, mas o livro dele tinha despertado em mim todo o […]

Não foi exatamente assim

Nunca pensei que fosse sentir tanto tesão por ele. Às vezes acho que sou obsessiva com isso de planejar as coisas, mas o fato é que ele simplesmente não estava nos meus planos. Porque eu o admirava demais. Ele não sabia, mas o livro dele tinha despertado em mim todo o desejo de ler e escrever putaria que eu tinha dopado de sonífero para me concentrar nas “coisas mais urgentes”. Ser fã, então, sempre me impediu de pensar em dar em cima dele. Talvez eu não gostasse de pensar em relações em que já podia adivinhar para que lado de poder penderia. (Mas isso é assunto pra outro dia).

Cheguei ao lançamento do livro, sobre o qual ele tinha me avisado pela internet, e logo achei que tinha sido uma péssima ideia. Eu não conhecia ninguém e tinha chegado pelo menos duas horas atrasada. Olhei ao redor e nenhuma das caras me pareciam com a dele. Ele usava um desenho como foto de perfil! Era óbvio que a minha incapacidade de minimamente associar fisionomias não ia me ajudar em nada.

Uma amiga chegou para me salvar, quando eu já tinha quase acabado uma garrafa de Original sozinha no balcão. Bebemos mais algumas até a minha amiga apontar para uma mesa onde livros estavam finalmente sendo vendidos. É ele ali.

Opa! Então vamo lá. Me aproximei da mesa para comprar os livros e pedir minhas dedicatórias. Mal chego e ele diz um “oi” que me deixa perdida por um segundo. Como ele me conhece? Lembro que, ao contrário dele, eu uso foto no perfil das minhas redes sociais. De qualquer forma, saber que o cara que escreveu um livro que eu amava me reconhecia (tipo, lembrar minha fisionomia assim?) me pareceu um bom sinal.

A conversa não desenrolou muito. Pedi os livros, paguei e ele ficou calado escrevendo as dedicatórias com cara de quem odiava fazer aquilo. Enquanto esperava, minha amiga me distraía puxando assunto. Ele me entregou os livros. Perguntei se podia ler as dedicatórias.

— Pode — ele disse meio dando de ombros, meio achando a pergunta estranha.

Abri o primeiro e meu olhar pousou diretamente na frase de duplo sentido: “a segunda vez é sempre melhor”. Ri pro papel. E foi aí que senti uma adrenalina percorrendo meu corpo. Era oficial. Meu cérebro pensava agora em primeiras e segundas trepadas. Quero! Te quiero! Vem k, Rafael.

Infelizmente, reparei que atrás de mim já se formava uma pequena fila. Não daria pra continuar paquerando o autor ali, na caruda, empatando a venda dos livros. Eu e minha amiga voltamos pra calçada do bar. Continuamos bebendo. Chegou mais gente. O papo tava tão bom que já quase esquecia dele. Entrei no bar pra pedir mais uma cerveja e o encontrei conversando no balcão com uma menina. Será que ele tem namorada? Já me convencia de que era melhor deixar aquilo pra lá. Pego a minha garrafa e, quando vou saindo, tenho que desviar de algumas pessoas e acabo desviando na direção dele. Ele me olha, eu sorrio e ele vem ao meu encontro.

— Oi?

— Oi.

Ficamos constrangidos.

— Achei que cê ia me falar algo — ele confessa.

— Eu também achei — rio.

(E agora?)

— Bom, então me diz uma coisa agora — arrisco.

A música alta faz com que ele tenha que se aproximar para falar perto do meu ouvido. Fico toda animada. Ele vai falar putaria, certeza!

— Quando eu era criança, tive uma cachorrinha que morreu de uma doença bizarra.

Mano, que merda! Olha o papo desse maluco, Seane!

Calma, digo pra minha cabeça, deve ser coisa de escritor.

Embarco na história da cachorra até não poder mais. Ser formada em jornalismo tem suas vantagens. Mas não sou muito paciente. Participo da conversa,enquanto resisto à embriaguez que vai tomando conta de mim. Fico olhando ele falar e só penso em como eu queria ser direta. No entanto, lembro que estou tentando não chegar mais assim em ninguém (depois dele*) e me contenho ao máximo para não falar:

— Eu quero muito dar pra você hoje.

Ele pára de falar e fica me olhando meio surpreso. Acho que pensei alto demais. Ele dá um passo na minha direção, mas um amigo dele chega para cumprimentar. Dou um sorriso pro amigo quando somos apresentados, apesar de com certeza não esconder minha frustração. Ficamos naquela obrigação de conversar por alguns minutos até que o Rafael tira um cigarro da orelha e solta: vamo lá fora? Vamos, vamos sim!

Vou toda saltitante atrás dele. Ah, Rafael, não vejo a hora de você lamber minha bunda. Também pode cuspir se quiser. Não, não, imagina que delícia vai ser eu sentando na cara dele! Ultimamente ando com essa obsessão de querer sentar na cara dos caras. Vai entender…

O amigo dele, infelizmente, vai atrás. Mas, chegando na calçada, ele já coloca a mão na minha cintura. Aí sim, mano! O amigo finalmente percebe. Diz que vai pedir mais uma bebida e desaparece.

— Quer me dar é?

— Ô!

Um beijo, finalmente. E, quando fecho os olhos, descubro que tô muito louca.

— Eu tô muito louco — Ele parece ler meus pensamentos.

— Não tem problema.

Ele ri da minha resposta que não faz nenhum sentido.

— Como a gente faz?

— Não tenho ideia — (Isso é que dá chegar sem planejamento).

— Só conheço os motéis da Augusta. Mas num dá pra sair assim no meio do lançamento…

— O meu apê fica a 10 minutos daqui, mas acho que dá na mesma.

— Hmmm

— Banheiro? — sugiro

Os olhos dele brilham.

— É o jeito, né? — (Ah, a inevitabilidade do fogo no rabo em lugares públicos.)

Ficamos de beijinho mais um tempo. Começo a sentir um volume na calça dele e me seguro pra não passar a mão ali mesmo, na calçada. Posso estar bêbada, mas sempre lembro que não sei ser discreta. Ele diz em voz alta que vai pegar outra cerveja e entra no bar. Espero um tico e vou atrás. Vejo ele no fim da fila do banheiro e penso que só pode ser providência divina a gente estar num bar hipster com banheiro unissex. Obrigada, São Paulo! (O santo ou a cidade? Isso não é hora de pensar nisso, Seane.)

Chego beijando. Adoro gente que só com beijo já me deixa molhada. Dei sorte hoje. A fila vai andando e começo a sentir um frio na barriga. E se o pau dele for pequeno? É foda ter que admitir, mas esse pensamento sempre aparece nas horas mais impróprias. Deixa disso, menina. Cê já tá até sentindo o pau dele na calça! Me acalmo e tento não pensar em mais nada. Não pensar em higiene. Não pensar em higiene. Repito o mantra.

Os dois banheiros vagam. Ninguém na frente. Ninguém atrás. Todo mundo na pista. Bitch, better have my money!

Ele me puxa pelo braço e fecha a porta do sanitário.

— O que cê achou desse clipe da Rihanna?

— Num vi.

A gente começa a se beijar desesperadamente. Ele pressiona o pau em mim. Ajeito pra pressionar certinho na buceta. E fico na ponta dos pés. Pronto. Fico me esfregando um pouco mais nele. Ele enfia a mão por baixo do vestido e, depois, dentro da minha calcinha.

— Porra, Seane, tá molhada pra caralho

— Eu sei — digo e volto a morder a orelha dele ao mesmo tempo em que finalmente passo a mão no pau dele.

— A gente não pode demorar

— Então vamo!

Ele me vira pra parede e levanta o meu vestido. Sinto ele dando um passo para trás.

— Que foi?

— Queria registrar essa visão.

— Gostou da minha bunda, é? — Ai, como eu gosto desse cara!

— Se eu gostei?! — Ele disse já de volta atrás de mim, alisando um lado da bunda.

Fito a parede toda riscada do banheiro e escuto ele tirando o cinto apressadamente. Sinto o pau dele na minha bunda e dou uma reboladinha só pra provocar.

— Me come — peço e ele vem.

A primeira metida é sempre a melhor, na minha opinião. Parece que vai entrando em câmera lenta. É uma dorzinha gostosa. O primeiro contato. A surpresa. Quando ele termina de enfiar, solto um gemido. Tira todo, só mais uma vez. Agora a bola tá pra jogo!

Ele segura a minha cabeça na parede e vai enfiando cada vez mais rápido. Estico os braços nas paredes riscadas e empino mais a bunda pra melhorar o ângulo. Fico me concentrando em não gemer.

— Tá muito gostoso — consigo dizer com a respiração cortada. Ele também dá um gemido de concordância. Meu tesão só aumenta. Adoro quando o cara geme. E tá gostoso pra caramba. Ele enfia a mão por baixo do meu sutiã e enfia a língua na minha orelha. Começa a beliscar meu mamilo. Se usasse um pouquinho de unha, eu não reclamava. Ele lê meus pensamentos e, voilà, uma puxada malvada no mamilo com um pouquinho de unha. É disso que o povo gosta, Rafael.

— Caralho, Rafael. Quero te dar a noite inteira.

— Quero te comer inteira.

Escutamos a descarga do banheiro ao lado. Ele não sai de mim, mas aperta a descarga do nosso sanitário para criar algum disfarce.

— Acho que a gente já tem que ir — ele sussura pra mim

— Ahhhh — digo dengosa com a cabeça encostada nas frases sem graça de banheiro de balada.

Ele sai de mim. Começa a guardar o pau na cueca e a puxar a calça pra cima.

— A gente vai ter que continuar mais tarde.

Eu concordo com a cabeça.

— A segunda vez é sempre melhor, não é o que dizem?

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